Galera, estarei fazendo uma live hoje às 22h no canal Live de Python
sobre como analisar dados de Bolsa de Valores com Python. Vocês podem
acompanhar a Live logo abaixo ou por este link.
Caso vocês queiram que eu faça a análise de algum ativo, ETF ou alguma
estratégia de Trading, é só falar no comentários abaixo (caso você esteja
lendo no Substack) ou mandar um e-mail para contemplandoomercado@github.io.
Primeira vez no blog? Dá uma olhada na primeira análise
que fizemos aqui para entender como interpretar os gráficos de prêmios de
risco. Confira também a página de metodologia
para entender como geramos as figuras das análises.
Estamos de volta! E aí pessoal, será que os Títulos de Curto Prazo (SHY)
tiveram retorno positivo em Julho de 2022? Será que o petróleo (XOP) caiu? E as
criptos? Vimos em Junho tanto o Bitcoin (BTC-USD) quando o Ethereum (ETH-USD)
cruzarem o quantil de 1%. E aí? Será que subiram? Vamos ver como as classes de
ativos se saíram no famoso mês das férias.
Movimento dos prêmios de risco
Figura 1 - Movimento dos prêmios de risco
E não deu outra: Renda Fixa dos EUA (SHY, IEF e TLT), Ações (IVV, VUG e ILCV)
e REITS (VNQ) em um mega rali de alta nos prêmios de risco, terminando o mês
com um recuo. Enquanto nas classes de ações este recuo foi relativamente tímido
comparado ao movimento de alta, na renda fixa ele já foi mais considerável, com
destaque para o SHY, que devolveu praticamente todo o retorno (não por acaso a
média de retornos dessa classe é bem pequena, não só no mês de Julho como nos
outros meses).
Outro ponto que podemos perceber que aconteceu em comum entre renda fixa,
ações e REITS é que, se compararmos os gráficos dos últimos 3 meses com o
histórico, veremos que os prêmios de risco atingiram "regiões de topo" também
atingidas em momentos anteriores recentes, daí esse recuo no fim do mês. Nisto
é importante destacarmos que a classe do S&P 500 (IVV) chegou bem próximo do
quantil de 99%, e que a classe das ações de crescimento (VUG) encostou
no quantil. Os gráficos históricos nos mostram que os prêmios de risco se
movimentam tal qual "gangorras", então a aproximação destas regiões de "topo
histórico" nos levanta a possibilidade de mais recuo de Agosto em diante para
os prêmios de risco das classes de ativos mencionadas anteriormente.
Se por um lado tivemos um rali com as classes comentadas acima, com Commodities
(IAU, SLV, XOP e URA) a coisa foi diferente: ouro (IAU) e prata (SLV) passaram
o mês "patinando", fechando Julho com os prêmios de risco na zona negativa.
Urânio (URA), por outro lado, fechou na zona positiva. Petróleo, por fim,
passou o mês em queda livre, seguindo seu "comportamento padrão" para o mês
como vimos aqui. Rytenband
recentemente postou uma análise da prata
em seus stories no Instagram demonstrando que estamos em um bom momento para
acumular da classe. Parando para analisar o gráfico histórico do prêmio de
risco, veremos que ele, no fim de Julho, estava de fato numa região próxima
a "fundos anteriores". No entanto, ainda há um espaço para cair ainda mais.
Algo semelhante pode ser dito em relação ao ouro. Em relação ao Urânio,
talvez ainda vejamos o prêmio continuar subindo em agosto.
Fechando as análises dos movimentos com criptos, comentamos no mês passado
sobre o toque no quantil de 1% e uma possível movimentação de alta. Eis que foi
exatamente isso que aconteceu: um rali de alta expressivo, principalmente para
o ETH-USD, cujo prêmio de risco fechou o mês em aproximadamente 50%. Realmente,
conforme vimos aqui, o mês de Julho
é bastante generoso para os prêmios de risco das criptomoedas.
Agora que discutimos bastante sobre os movimentos dos prêmios,
vamos dar uma olhada nas correlações entre eles.
Quadro de correlações
Figura 2 - Quadro de correlações
E mais uma vez, conforme comentamos na análise de Junho
também, as correlações históricas dos prêmios das classes de ativos foram
pouquíssimo alteradas, devido aquilo que já comentamos sobre o longo prazo.
Logo, as maiores mudanças sempre estarão no curto prazo, reproduzindo,
evidentemente, o que a gente já viu na seção de movimentos.
Comparando o quadro de Julho com o de Junho, poderemos ver que as cores estão
mais "claras" nele, dado que quase todas as classes tiveram retornos positivos
em conjunto. Por outro lado, a queda forte no Petróleo derrubou brutalmente
a correlação dele com as demais classes, em especial com os títulos e ações.
Por exemplo, enquanto a correlação dos prêmios de XOP e ILCV (ações de value)
estava em 0.38 em Junho, em Julho ela passou para -0.59, uma queda de 255%!.
Para efeitos de comparação, a correlação entre os prêmios de S&P 500 e SHY
(Títulos de Curto Prazo do Tesouro dos EUA), neste mesmo período, foi de
aproximadamente 48%. Se por um lado as correlações do Petróleo derreteram,
as das criptos andaram no extremo oposto: a correlação entre Ethereum e SHY,
por exemplo, aumentou 94% neste mesmo período. Para quem segue estratégias
como paridade de risco
ou busca diversificar usando ativos com baixa correlação entre si, este tipo
de dado pode conferir insights interessantes sobre momentos para
rebalanceamento de carteira.
Outra elevação de correlações bastante supreendente para o período foi a dos
prêmios de REITS com Títulos Públicos (SHY, IEF e TLT), que aumentou,
respectivamente, de 0.11 para 0.38, de -0.03 para 0.43, e de -0.06 para 0.53.
Eu comentei na análise mensal anterior que a baixíssima correlação de Junho
poderia ser decorrente de um provável outlier ou então erro de código.
Se compararmos a correlação observada em Julho com a de Maio, e compararmos
novamente com Junho, veremos que o meio do ano representou sim um outlier.
De toda forma, temos aí mais um caso de assimetria interessante a ser estudada
e explorada.
Correlações entre grupos de classes de ativos
Para fechar o post, vamos colocar as diversas classes de ativos em grupos
maiores e ver como se correlacionam:
Figura 3 - Correlações entre classes de ativos
Este último quadro de correlações ilustra de forma interessante um resumo do
que vimos no quadro e nos gráficos anteriores: o rali de alta dos prêmios dos
títulos, ações, criptos e REITS fez as correlações entre estas classes de
ativos aumentarem significativamente, com Commodities andando na contramão.
A mudança na correlação entre REITS e Títulos de Junho para Julho foi
surpreendente, saindo de 0.0077 em Junho para 0.46 em Julho (em maio ela
estava em 0.17). Uma das grandes curiosidades para o mês de agosto, assim,
é verificar como vai ficar esta correlação. Outro grande destaque aqui, como
eu citei, é a correlação das Commodities com as demais classes de ativos, que
caiu drasticamente de Junho para Junho. Por exemplo, em Junho a correlação entre
elas e Ações estava em 0.33. Em Julho, -0.19. A correlação com os próprios REITs
também foi extravangante: saiu de 0.33 para -0.15. Certamente esse movimento
foi puxado pelo Petróleo, haja vista o quadro de correlações do XOP.
Finalizando o post
E é isso aí! Podemos dizer que os achados que encontramos na Análise Especial
realmente se concretizaram em Julho de 2022. Não só tivemos um verdadeiro
rali de baixa no Petróleo como uma verdadeira guinada para cima dos REITs,
levando sua correlação com as outras classes de ativos para as alturas, e a
das Commodities no extremo oposto. Com isso, pudemos identificar mais um
conjunto de assimetrias que podem ser melhor investigadas e utilizadas em
estratégias de investimento ou mesmo de trading de médio/longo prazo. Pela
análise especial que fizemos, Agosto promete continuação desse movimento
de alta pelo menos nos títulos, ações e criptos. Seguiremos monitorando.
Galera, as análises do mês de Julho de 2022 vão demorar um pouco mais sairem,
muito provavelmente em torno da segunda quinzena de agosto. Por causa disso,
deixo para vocês uma "análise de sazonalidade" das classes de ativos a partir
de 2000.
No post anterior, eu havia comentado que
em um estudo que fiz ano passado, eu verifiquei que o mês de Julho, parapraticamente todo tipo de ativo em renda variável, é caracterizado,na média, por ser de alta. Pois bem, inspirado nisso, eu resolvi refazer
esse estudo e trazer para o blog. Uma coisa legal dele é que ele está
abrangendo Julho de 2022 também, então já vai dar para termos uma noção
do que está rolando neste mês.
Basicamente vamos trabalhar na seguinte pergunta: "se desde 2000 (ou um pouco
depois, a depender do início da série histórica que estamos usando) a gente
todo ano tivesse comprado um ativo sempre no início de um mês específico e
depois tivesse vendido no final o 'mês específico', qual teria sido o retorno?"
Nesta análise, nós vamos trabalhar com quase todas classes que já estamos
acompanhando por aqui. Dessa vez, Urânio (URA) e REITS (VNQ) ficaram de fora,
e ações da NASDAQ (QQQ) entraram no lugar.
Outra coisa importante: desta vez não trabalharemos com prêmio de risco, e sim
com os "retornos brutos" (sem descontar nada).
Retornos médios
Vamo lá. Vamo dar uma olhada em quanto cada classe deu de retorno em média
em cada mês.
Figura 1 - Média dos retornos das classes de ativos em cada mês
Logo de cara já temos aquela surpresa: Títulos Públicos de curto prazo (SHY)
tendo média positivaem todos os meses (?!) Pode isso, Arnaldo? E é
nessas horas que aparece a "pegadinha": esses números são médias, ou seja,
certamente em um ano ou outro rolaram retornos negativos. De toda forma, é
importante lembrar que estamos falando de um dos investimentos mais seguros
do mundo, que é a renda fixa do Estados Unidos, logo é de se esperar bons
resultados. E percebam que os retornos são baixinhos: o maior deles foi de
0.30%, em agosto. É aquela velha máxima do risco-retorno: menos risco, menos
retorno (e vice-versa). Outro ponto importante: esses títulos possuem entre 1
e 3 anos de vencimento, então em teoria a volatilidade deles deve ser baixa.
Analisando Títulos Públicos dos EUA de curto prazo
Voltando para a questão central do estudo, mais especificamente em SHY: se
tivéssemos feito "trades mensais" em SHY, como teria sido a curva de retorno
para cada mês? A figura abaixo nos traz a resposta:
Figura 2 - Curva de retornos mensais dos Títulos Públicos de curto prazo dos EUA
Como podemos perceber, a figura mostra claramente que os Títulos Públicos de
curto prazo passaram de fato por períodos de queda, apesar de registrarem
média positiva todos os meses. O primeiro destaque nisso vai para o mês de
Abril (mês 4), que literalmente "ficou no vermelho" entre 2002 e 2004, e entre 2008
e 2010 (curiosamente, a época do subprime.
É... nem mesmo a renda fixa se salvou nessa época). Percebam também que os
retornos de alguns meses tem caído nos últimos anos, com destaque para
Janeiro (mês 1), Março (mês 3), Junho (mês 6), e o próprio Abril. Por outro
lado, percebam que a curva de retornos considerando o período histórico com o
qual estamos trabalhando é positiva, "corroborando" assim as médias positivas,
com destaque para o mês de Maio (mês 5), que fecha a curva em 2022 subindo.
Meses de Lucros e Crises
Voltando nossos olhares para a Figura 1, vamos agora nos concentrar nas barras
correspondentes ao mês de Julho (mês 7). Se a gente parar verificar,
perceberemos que, com exceção de petróleo (XOP), todas as classes possuem
retornos positivos no famoso "mês das férias", com destaque para as criptos
(BTC-USD e ETH-USD), com médias próximas dos 20%. Percebam também outra coisa:
as médias de Julho (bem como de outros meses) concentram-se entre 1% e 3%.
Multiplicando isso por 12 (para termos uma noção de retorno anual), isso fica
entre 10% e 30%. Isso condiz com algo que é bastante comentado de que o
rendimento médio de "bons investidores" no longo prazo fica em torno de
20% ao ano.
Vamos agora facilitar um pouco nossa vida de visualizações com a figura
a seguir:
Figura 3 - Médias dos retornos das classes dos ativos em diferentes meses
As escolhas dos meses acima (com exceção de Junho e Julho) não foi por acaso:
alguns dos crashs mais famosos da história aconteceram neles: Crise de 1929,
Black-Monday de 1987, Bolha das Ponto-Com de 2000, Crise do Subprime em 2008,
Crash das Criptos de 2018, Flash-Crash da COVID-19... todas ocorreram em algum
destes meses, a maioria entre Setembro e Outubro. E a figura acima corrobora
isso: percebam que a média o S&P 500 (IVV) está caindo em Fevereiro, Junho e
Setembro, voltando sempre a se recuperar no mês seguinte. Um ponto curioso:
a renda fixa dos EUA (SHY, IEF e TLT), com exceção do mês de Outubro, fica
positiva nestes meses, daí muitas carteiras de investimento colocarem parte
de suas posições nelas, para dar um pouco de equilíbrio e diminuir um pouco
o risco.
Outra ponto: "como sempre", em todos estes meses as criptos apresentam
comportamentos bem exagerados (para cima ou para baixo). Agora um fato curioso:
Michael Burrytuitou em Junho de 2022
uma imagem da Bloomberg mostrando o quão parecido era o movimento do Bitcoin
com o da NASDAQ, e ainda provocou: Temos certeza de que Bitcoin não é sómais um ativo de risco da NASDAQ? Além disso, eu mesmo já vi comentários
de Bitcoin seria nada mais do que "uma aposta alavancada no mercado de ações",
pelos mesmos motivos de movimentos equivalentes. Pois bem, a figura acima nos
evidencia uma coisa curiosa: no segundo semestre isto de fato acontece (e
realmente o BTC aparenta ser um ativo de risco da NASDAQ e uma aposta alavancada
no S&P), porém no primeiro semestre a movimentação é o exato oposto: enquanto
um sobe, o outro cai. Analisando a matriz de correlação histórica que postamos
no início deste mês, veremos que a correlação
Ações-Criptos é de 0.45, sendo (0.17 no período Abr-Jun/2022). Pegando
emprestado o modo de falar do Rytenband,
dá pra explorar algumas boas assimetrias entre Ações e Criptos ao longo do ano
(principalmente no primeiro semestre).
"Trading mensal" em Julho
Para fechar as análises, vamos dar uma olhada em como sairiam as curvas de
retornos das classes de ativos se comprássemos no início de Julho e
vendêsssemos no final dele.
Figura 4 - Curva de retornos das classes de ativos em Julho
Corroborando mais uma vez com o que já vimos antes, Julho de fato demonstra
ser um mês em que classes de ativos sobem. No entanto, é importante perceber
que isso só começa a ocorrer de fato "para a grande massa" a partir de 2010:
notem que antes disso as classes andaram de lado e tiveram até mesmo retornos
negativos. Outro fator interessante: notem que a classe que mais rendeu não
foi nem o S&P 500 (IVV), nem o NASDAQ (QQQ), e nem mesmo Growth Stocks
(VUG)! Quem rendeu mais foram as Value Stocks (ILCV), com um pouco menos de
60%. Isso é interessante, pois evidencia aquela máxima de que "os fundamentos
são o que importa no fim das contas". Muita gente forte do mercado, como o
próprio Rytenband, defende bastante essa ideia.
E mais uma vez as Criptos apresentam retornos absurdamente altos, tanto
que tive que montar um gráfico separado para melhorar a visualização.
Percebam que entre 2018 e 2019 o retorno das criptos caiu, mesmo se
tratando do mês de Julho (para a gente ver como o crash foi forte). Em
compensação, bastou passar um único ano para "as máximas se renovarem".
Finalizando o post
Bem galera, o post de hoje mostrou que de fato Julho é um mês bastante
lucrativo para a grande maioria das classes de ativos, e que realmente os
fundamentos levam a melho no jogo do longo prazo. Vimos também que os Títulos
Públicos de Curto Prazo são uma classe bastante interessante a se considerar
e estudar quando se pretende montar uma carteira de investimentos de longo
prazo, e que Criptos, para a direção que for, são verdadeiros "foguetes".
Um ponto que eu acabei não analisando neste post (e que deixo como dever
de casa) é o mês de abril. Reparem no retorno médio do Petróleo (XOP) neste
mês, e comparem com outros meses. Tem algo de interessante aí.
Particularmente achei bem legal fazer esse estudo. Espero que ele possa
ajudar vocês de alguma forma caso pensem em algum momento em montar uma
carteira de longo prazo, ou até mesmo fazer aquela especulação marota
(só lembrando para não tomarem nada deste post como recomendação de compra
e venda). Parafraseando o que falo na página de metodologia,
caso vocês notem algum erro, ou tenham alguma dúvida sobre alguma coisa
neste post e nos outros, não deixem de entrar em contato comigo pelo e-mail
contemplandoomercado@gmail.com. A propósito, caso queiram ver por aqui
algum novo estudo, é só falarem também.
Primeira vez no blog? Dá uma olhada na primeira análise
que fizemos aqui para entender como interpretar os gráficos de prêmios de
risco. Confira também a página de metodologia
para entender como geramos as figuras das análises.
Bem galera, continuando com a nossa programação normal, vamos às análises do
mês de Junho de 2022, marcado pelo São João no Nordeste Brasileiro e pelo
"histórico" derretimento do Bitcoin. Por causa disso, nossa análise este
mês será feita "de trás para frente", começando com criptos, e terminando
com títulos públicos dos Estados Unidos.
Movimento dos prêmios de risco
Figura 1 - Movimento dos prêmios de risco
Conforme eu comentei em Junho de 2022, o
Bitcoin caiu tanto que perdeu até mesmo um topo histórico anterior. E vejam
só! O prêmio de risco da criptomoeda bateu no quantil de 1%, e logo após
isso começou a subir! Se olharmos para o histórico do prêmio, veremos que
a última vez que isto aconteceu foi em 2021: o prêmio bateu duas vezes
no quantil de 1% e em seguida subiu até atingir um patamar superior a 50%.
Outro período em que este quantil foi atingido foi entre 2018 e 2019, durante
o famoso crash. Isto pode sugerir (e lembrem-se, NÃO É recomendação) que
estamos em momento oportuno de se comprar Bitcoin (pensando por um outra ótica,
o preço está bem barato). Olhando agora o prêmio de risco Ethereum, podemos
ver que fez movimento equivalente ao do Bitcoin. Ele também cruzou o quantil
de 1% em 2021, porém uma única vez.
De toda forma, é importante atentar que o finalzinho de ambos os gráficos
(Bitcoin e Ethereum, e aqui vale salientar que o último ponto do gráfico é
do dia 29/06) mostram que os prêmios estão caindo. Ou seja: nada impede
que ainda vejamos em Julho um pouco mais de queda (aliás, até o momento
que escrevo esta postagem, esta queda já aconteceu).
Vamos agora para as commodities. Eu comentei na análise anterior duas coisas:
(a) que o Urânio (URA) estava iniciando uma movimentação de alta a partir de
um fundo próximo do quantil de 1%; e (b) que a prata (SLV) estava se
aproximando do quantil de 1%. Em relação ao prêmio do Urânio, podemos dizer
agora que realmente era um movimento de alta que estava se iniciando. O prêmio
de risco do Urânio inclusive chegou a atingir valores positivos (!), porém
terminou o mês (até 29/06, pelo menos) na zona negativa. Outro ponto
importante a se dizer é que esse movimento de alta foi carregado de
volatilidade (um sobe-e-desce violente), um pouco similar inclusive ao que
aconteceu com o Bitcoin em 2021. Em relação ao prêmio da prata, também vimos
um movimento de alta no mês de Junho, porém com bem menos volatilidade. O
prêmio de risco do Ouro também passou por isso e, diferente das outras duas
commodities, terminou o mês na zona positiva (com alguma possibilidade de
continuar subindo, inclusive). O movimento do prêmio do Petróleo (XOP) foi
o que destoou dos demais: começou o mês subindo, ficando inclusive entre 5
e 10 pontos percentuais do quantil de 99%, e logo em seguida fez uma queda
de modo que terminou o mês na zona negativa.
Partindo agora para ações e REITS, vemos que o mês de Junho foi
marcado por uma alta volatilidade. O movimento do prêmio de risco do
S&P 500 (IVV) refletiu bastante o repique nos preços que aconteceram
durante o período. Apesar da alta volatilidade, os prêmios de risco do
S&P 500, açoes de crescimento (VUG) e REITS (VNQ) aumentaram em relação
ao início do mês. O prêmio das ações de valor (ILCV) ficou virtualmente
no "zero a zero". Apesar disso, o desenho que se visualiza tanto no curto
prazo como em relação ao histórico é que poderemos ter um mês de Julho
de movimentação de alta novamente nos prêmios (e lembrem-se, NÃO É
recomendação).
Fechando essa parte das análises com os prêmios de risco dos Títulos
americanos. Na análise anterior, eu comentei que poderíamos ver movimentos
corretivos nos prêmios dos Títulos no mês de Junho, e realmente isto
aconteceu. Além disso, Junho foi um mês de alta volatilidade para estes
prêmios, especialmente para os de curto prazo (SHY), que cruzaram de zona
várias vezes. Notamos porém uma coisa interessante: todos fecharam o mês
na zona positiva, e virtualmente no "zero-a-zero" (na prática, com um pouco
de aumento). Nisso é importante darmos um destaque especial para os de longo
prazo (TLT): eles estavam na zona negativa desde antes do início de 2022,
e agora finalmente passaram dela. Olhando para o desenho dos históricos,
a aparência é de que talvez os prêmios aumentem ainda mais nas próximas
semanas. No entanto, a escalada nas taxas de juros do FED pode fazer com
que esse movimento se inverta rapidamente. Seguiremos monitorando.
Agora que discutimos bastante sobre os movimentos dos prêmios,
vamos dar uma olhada nas correlações entre eles.
Quadro de correlações
Figura 2 - Quadro de correlações
Vamo lá: se formos comparar as correlações históricas atuais com as que eu
postei mês passado, veremos que as mudanças foram "insignificantes". Isto
é natural, posto que foi a adição em um mês a um período de quase duas décadas.
Uma coisa que aconteceu bastante foram mudanças de 1 ponto percentual. Por
exemplo, a correlação os prêmios de Títulos Longos (TLT) e S&P 500 (IVV) saiu
de 0.41 para 0.42. A dos Prêmios de S&P e REIS também aumentou, de 0.84 para 0.85.
Isso inclusive coincide com os movimentos que analisamos nas curvas históricas:
ambos os Títulos, as Ações e os REITS passaram por forte volatilidade culminando
no aumento dos prêmios de risco.
Agora um fato curioso: a correlação entre Títulos Curtos e Médios (SHY e IEF)
com as Criptos permaneceu intacta, enquanto que a de Títulos Longos aumentou
1 ponto percentual (de 0.09 para 0.1 TLT-BTC e de 0.04 para 0.05 TLT-ETH).
Considerando este tímido aumento de correlação junto com o fato do TLT ter
fechado o mês na zona positiva após um longo período na zona negativa um sinal
de que algo semelhante acontecerá com as criptos? Há uma possibilidade que sim.
De toda forma, é imporante lembrar que tudo pode acontecer no mundo cripto.
(Mais uma vez) Seguiremos monitorando.
A história muda, porém, quando olhamos para as correlações dos últimos três
meses. As correlações entre Títulos e Criptos diminuiram 10% na média.
Por exemplo, TLT-BTC saiu de -0.52 para -0.64. IEF-BTC saiu de -0.6 para
-0.7, e TLT-ETH de -0.6 para -0.73. É importante apontar, porém, que este
aumento de correlação negativa também pode ser um sinal das criptos estarem
pelo menos próximas de um fundo, posto que, geralmente, corelações nestes
patamares podem indicar que as duas classes em algum momento próximo poderão
inverter seus movimentos (quem está subindo cairá, e quem está caindo subirá).
Importante apontar também que, para "pessoas comuns" como a gente, não dá para
saber com exatidão quando (exatamente) ocorrerá este ponto de inflexão, como já
diria Richard Rytenband aqui
e aqui.
Correlações entre grupos de classes de ativos
Para fechar o post, vamos colocar as diversas classes de ativos em grupos
maiores e ver como se correlacionam:
Figura 3 - Correlações entre classes de ativos
Se comparando as classes individuais a gente percebe que houveram diferenças mínimas
nas correlações históricas de um mês para o outro, isto se confirma quando observamos
as correlações macro: tudo intacto, com exceção das criptos (e ainda assim, a correlação
entre Criptos e Commodities se manteve). Por um lado, era até espeardo acontecer isso
com as criptos, dado que Junho (e meses anteriores) foi marcado por quedas bastante
acentuadas, principalmente por parte do Bitcoin. Temos aqui, porém uma anomalia muito
peculiar: enquanto a correlação registrada em Maio para os grupos de Títulos US e REITS
foi de 0.17, a registrada em Junho foi de 0.0077! Uma diminuição de mais de 15%!
Tenho duas explicações para isso: (1) o código (ou os dados) que uso para gerar essas
correlações "bugou"; (2) enquanto Títulos "andaram de lado" o mês todo, REITs tiveram
uma franca expansão no prêmio de risco, ocasionando assim numa diminuição drástica nas
correlações. Em relação a "(1)", seguiremos monitorando os números para vermos o que
acontece. Em relação a "(2)", caso os prêmios dos Títulos façam movimentos mais
direcionais agora em Julho, talvez vejamos esta correlação voltar a subir. Podemos estar
diante de um momento outlier.
Finalizando o post
O mês de Junho foi marcado essencialmente pelo derretimento do Bitcoin,
aumentando ainda mais as correlações negativas com os Títulos Americanos.
De outro lado, os próprios Títulos estão todos no positivo, apesar das
políticas do FED, e os prêmios das ações iniciaram um movimento de alta
interessante. Será que estamos próximos de uma "virada de ciclo", ou
pelo menos iniciando os preparativos para uma? Os sinais indicam que sim,
porém tudo pode acontecer (por isso que venho reiterado que nada aqui é
recomendação de compra ou venda). Só para fazer um contraponto, é importante
apontar aqui que as correlações talvez ainda tenham espaço de se alargarem um
pouco, assim como os movimentos que vimos este mês. Em um estudo que fiz ano
passado, eu verifiquei que o mês de Julho, para praticamente todo tipo de ativo
em renda variável, é caracterizado, na média, por ser de alta. Vamos ver como
vai ser este ano.
AVISO IMPORTANTE: todas as análises realizadas
aqui NÃO são (e nem implicam em) recomendações de compra ou venda de
ativos financeiros. O objetivo dos posts deste blog é unicamente compartilhar
análises, opiniões pessoais e discutir ideias.
Gostaria de agradecer ao amigo Felipe Gameleira por ter me passado a notícia
do que está acontecendo com o Bitcoin.
Galera, post relâmpago aqui, dado o momento histórico que o Bitcoin está
passando (Felipe, obrigado mais uma vez pelo avido). Vejamos o que está
acontecendo pela figura abaixo.
O gráfico acima foi montado a partir da plataforma TradingView;
A linha roxa corresponde a uma média móvel de 200 semanas (aproximadamente 4 anos);
O IFR que utilizo é de 52 semanas (1 ano);
Dito isso, vamos lá: pela primeira vez, o BTC rompeu para baixo um topo
histórico anterior (mais especificamente o de U$20.000,00, de Dezembro) de
2017. Além disso, o BTC também rompeu para baixo a média móvel semanal de 200.
No passado, romper a média móvel citada significou o início do bull market.
Por outro lado, o rompimento para baixo de um topo histórico anterior é
novidade. Por causa disso, estamos, mais uma vez, diante de um momento muita
incerteza quanto aos movimentos futuros da moeda.
Particularmente falando, eu costumo traçar possibilidades para dois cenário:
(a) o que pode acontecer caso continue caindo; e (b) o que pode acontecer caso
comecer a subir. Em relação ao cenário "a", o meu PALPITE (logo, não tomem
como recomendação de compra/venda) é cair até a região de U$13.000,00, quiçá
até U$12.500,00. Estes são os próximos topos anteriores, logo são os próximas
regiões de suporte, pelo menos no gráfico semanal. Em relação ao cenário "b",
o meu PALPITE (logo, não tomem como recomendação de compra/venda) é de que
não o preço retorne ao maior topo histórico (região de U$62.000,00), como
inclusive suba mais até atingir a região de U$100.000,00. O que me leva a
pensar isso foi uma análise que fiz baseada em Ondas de Elliott.
Um outro palpite que eu tenho é que esses dois rompimentos
(média móvel e topo anterior) podem configurar um trap, que pode (mas não é certo ainda) ser confirmado se o Bitcoin
romper (para cima) a região dos U$27.000,00. Percebam também que o IFR está
atingindo seu menor valor histórico, outro sinal de "reversão para a alta".
Em linhas gerais, temos mais sinais (em termos de quantidade) que os preços
subirão do que cairão. No entanto, os sinais de que continuaram caindo são
fortes o suficiente para compensar a quantidade menor. Seguiremos acompanhando
o que vai acontecer pela frente.