Análises - Julho de 2022
Primeira vez no blog? Dá uma olhada na primeira análise que fizemos aqui para entender como interpretar os gráficos de prêmios de risco. Confira também a página de metodologia para entender como geramos as figuras das análises.
Estamos de volta! E aí pessoal, será que os Títulos de Curto Prazo (SHY) tiveram retorno positivo em Julho de 2022? Será que o petróleo (XOP) caiu? E as criptos? Vimos em Junho tanto o Bitcoin (BTC-USD) quando o Ethereum (ETH-USD) cruzarem o quantil de 1%. E aí? Será que subiram? Vamos ver como as classes de ativos se saíram no famoso mês das férias.
Movimento dos prêmios de risco
Figura 1 - Movimento dos prêmios de risco
E não deu outra: Renda Fixa dos EUA (SHY, IEF e TLT), Ações (IVV, VUG e ILCV) e REITS (VNQ) em um mega rali de alta nos prêmios de risco, terminando o mês com um recuo. Enquanto nas classes de ações este recuo foi relativamente tímido comparado ao movimento de alta, na renda fixa ele já foi mais considerável, com destaque para o SHY, que devolveu praticamente todo o retorno (não por acaso a média de retornos dessa classe é bem pequena, não só no mês de Julho como nos outros meses).
Outro ponto que podemos perceber que aconteceu em comum entre renda fixa, ações e REITS é que, se compararmos os gráficos dos últimos 3 meses com o histórico, veremos que os prêmios de risco atingiram "regiões de topo" também atingidas em momentos anteriores recentes, daí esse recuo no fim do mês. Nisto é importante destacarmos que a classe do S&P 500 (IVV) chegou bem próximo do quantil de 99%, e que a classe das ações de crescimento (VUG) encostou no quantil. Os gráficos históricos nos mostram que os prêmios de risco se movimentam tal qual "gangorras", então a aproximação destas regiões de "topo histórico" nos levanta a possibilidade de mais recuo de Agosto em diante para os prêmios de risco das classes de ativos mencionadas anteriormente.
Se por um lado tivemos um rali com as classes comentadas acima, com Commodities (IAU, SLV, XOP e URA) a coisa foi diferente: ouro (IAU) e prata (SLV) passaram o mês "patinando", fechando Julho com os prêmios de risco na zona negativa. Urânio (URA), por outro lado, fechou na zona positiva. Petróleo, por fim, passou o mês em queda livre, seguindo seu "comportamento padrão" para o mês como vimos aqui. Rytenband recentemente postou uma análise da prata em seus stories no Instagram demonstrando que estamos em um bom momento para acumular da classe. Parando para analisar o gráfico histórico do prêmio de risco, veremos que ele, no fim de Julho, estava de fato numa região próxima a "fundos anteriores". No entanto, ainda há um espaço para cair ainda mais. Algo semelhante pode ser dito em relação ao ouro. Em relação ao Urânio, talvez ainda vejamos o prêmio continuar subindo em agosto.
Fechando as análises dos movimentos com criptos, comentamos no mês passado sobre o toque no quantil de 1% e uma possível movimentação de alta. Eis que foi exatamente isso que aconteceu: um rali de alta expressivo, principalmente para o ETH-USD, cujo prêmio de risco fechou o mês em aproximadamente 50%. Realmente, conforme vimos aqui, o mês de Julho é bastante generoso para os prêmios de risco das criptomoedas.
Agora que discutimos bastante sobre os movimentos dos prêmios, vamos dar uma olhada nas correlações entre eles.
Quadro de correlações
Figura 2 - Quadro de correlações
E mais uma vez, conforme comentamos na análise de Junho também, as correlações históricas dos prêmios das classes de ativos foram pouquíssimo alteradas, devido aquilo que já comentamos sobre o longo prazo. Logo, as maiores mudanças sempre estarão no curto prazo, reproduzindo, evidentemente, o que a gente já viu na seção de movimentos.
Comparando o quadro de Julho com o de Junho, poderemos ver que as cores estão mais "claras" nele, dado que quase todas as classes tiveram retornos positivos em conjunto. Por outro lado, a queda forte no Petróleo derrubou brutalmente a correlação dele com as demais classes, em especial com os títulos e ações. Por exemplo, enquanto a correlação dos prêmios de XOP e ILCV (ações de value) estava em 0.38 em Junho, em Julho ela passou para -0.59, uma queda de 255%!. Para efeitos de comparação, a correlação entre os prêmios de S&P 500 e SHY (Títulos de Curto Prazo do Tesouro dos EUA), neste mesmo período, foi de aproximadamente 48%. Se por um lado as correlações do Petróleo derreteram, as das criptos andaram no extremo oposto: a correlação entre Ethereum e SHY, por exemplo, aumentou 94% neste mesmo período. Para quem segue estratégias como paridade de risco ou busca diversificar usando ativos com baixa correlação entre si, este tipo de dado pode conferir insights interessantes sobre momentos para rebalanceamento de carteira.
Outra elevação de correlações bastante supreendente para o período foi a dos prêmios de REITS com Títulos Públicos (SHY, IEF e TLT), que aumentou, respectivamente, de 0.11 para 0.38, de -0.03 para 0.43, e de -0.06 para 0.53. Eu comentei na análise mensal anterior que a baixíssima correlação de Junho poderia ser decorrente de um provável outlier ou então erro de código. Se compararmos a correlação observada em Julho com a de Maio, e compararmos novamente com Junho, veremos que o meio do ano representou sim um outlier. De toda forma, temos aí mais um caso de assimetria interessante a ser estudada e explorada.
Correlações entre grupos de classes de ativos
Para fechar o post, vamos colocar as diversas classes de ativos em grupos maiores e ver como se correlacionam:
Figura 3 - Correlações entre classes de ativos
Este último quadro de correlações ilustra de forma interessante um resumo do que vimos no quadro e nos gráficos anteriores: o rali de alta dos prêmios dos títulos, ações, criptos e REITS fez as correlações entre estas classes de ativos aumentarem significativamente, com Commodities andando na contramão. A mudança na correlação entre REITS e Títulos de Junho para Julho foi surpreendente, saindo de 0.0077 em Junho para 0.46 em Julho (em maio ela estava em 0.17). Uma das grandes curiosidades para o mês de agosto, assim, é verificar como vai ficar esta correlação. Outro grande destaque aqui, como eu citei, é a correlação das Commodities com as demais classes de ativos, que caiu drasticamente de Junho para Junho. Por exemplo, em Junho a correlação entre elas e Ações estava em 0.33. Em Julho, -0.19. A correlação com os próprios REITs também foi extravangante: saiu de 0.33 para -0.15. Certamente esse movimento foi puxado pelo Petróleo, haja vista o quadro de correlações do XOP.
Finalizando o post
E é isso aí! Podemos dizer que os achados que encontramos na Análise Especial realmente se concretizaram em Julho de 2022. Não só tivemos um verdadeiro rali de baixa no Petróleo como uma verdadeira guinada para cima dos REITs, levando sua correlação com as outras classes de ativos para as alturas, e a das Commodities no extremo oposto. Com isso, pudemos identificar mais um conjunto de assimetrias que podem ser melhor investigadas e utilizadas em estratégias de investimento ou mesmo de trading de médio/longo prazo. Pela análise especial que fizemos, Agosto promete continuação desse movimento de alta pelo menos nos títulos, ações e criptos. Seguiremos monitorando.
Até a próxima postagem!